Quem tem Anemia Falciforme com o tempo tende a acostumar-se às crises. Que podem variar de pessoa pra pessoa. Cada qual tem o seu próprio desenvolvimento da doença. Uns com mais sintomas e sequelas que outros. Mas aos que tem muitas e frequentemente, como é o meu caso este ano, necessitam acostumar-se com estes rompantes de tais crises. E se digo necessitam é porque sei que isso não é tão fácil assim, mas é uma necessidade que diminui o desgaste que nos causa tamanha inconstância. Diminui o desgaste e facilita a recuperação do nosso organismo,o nosso reestabelecimento físico, emocional e mental.
Uma crise pode nos afastar das pessoas por diversos motivos. Pela dor em si, que nos leva a um repouso forçado ou em casa, ou em hospitais, pela "raiva", tristeza, sensação de impotência, "medo", etc... que ela pode provocar, devido ao desgaste físico, mental e emocional. E nem sempre as pessoas que convivem direta ou indiretamente conosco, saberão lidar com isso. Assim como nós também muitas vezes não sabemos. Não é nada legal estar sempre ausente de sua própria vida, forçada a uma pausa frequente de suas atividades. Uma sucessão de crises quase sempre nos leva a um estado depressivo, ou até mesmo suicida, que é difícil controlar. Mas tenho total consciência de que devemos buscar um controle. Lutar contra todas as tormentas que chegam com as crises é algo de total importância para a nossa melhoria de vida. E pra isso toda ajuda é bem vinda. Desde um acompanhamento psicológico até um postar no blog. Qualquer coisa é válida para amenizar o vazio que às vezes surge, os receios que às vezes dominam, o medo que espreita, a dor que nos silencia.
Este espaço é minha terapia. Meu modo de lidar comigo em relação a AF.
Este ano me senti mais do que nunca perdida em mim mesma, em meus sonhos, projetos, desejos... Pois eles foram afetados por sucessões de internações, de dores constantes... E não há quem viva tranquilamente vivendo em dor. Dor é algo que oprime de tal forma, que além de sufocar, causa histeria, desespero, fúria... E essas emoções, definitivamente não fazem bem algum aquele que a porta. Por isso falo hoje dessa necessidade de estar atento a si mesmo, ao modo como você está lidando com suas crises, com o ser um paciente falciforme, com os amigos, a família, com a sua vida. Pois por mais que a doença nos aflija, ela não deve nos controlar. Nós é quem devemos controlá-la. Em todos os aspectos. No acompanhamento médico, no autocuidado, e neste despertar para um recomeço constante.