terça-feira, 14 de junho de 2011

MAIS UMA INTERNAÇÃO

Cheguei de mais uma internação. Mais uma entre tantas que coleciono.
As vezes tento olhar para frente e imaginar os meus dias sem elas, deixá-las no armário de memórias passadas.
Na sala de arquivo morto. Mas nem sempre isso é tão fácil para mim.
Dessa vez até que fiquei poucos dias. Mas foram os mais intensos também.
Não recebi alta por não estar mais em crise, apenas a recebi a pedido.
Disse ao médico que eu estava bem, de que queria vir para casa. E para quem conhece o HB, sabe que o que eles mais desejam por lá é que os pacientes da Anemia Falciforme permaneçam ali o mínimo possível mesmo. Por zelo? Não. Apenas não acreditam que esta doença seja realmente algo relevante de maior atenção.
Cheguei em casa cansada. Foram dias mal dormidos e ainda não consegui dormir direito hoje.
Encontrei por lá meus camaradas, irmãos, amigos e companheiros de luta. Recebi notícias de que mais uma entre nós havia partido. E por mais que eu nem a conhecesse é como se eu perdesse uma luta toda vez que ouço algo parecido.
Estou aqui escrevendo um pouco, embora ainda esteja com dor... não sei que dor é essa que não passa.
Não posso dizer que esta insuportável (como quando me internei e até mesmo uns dias antes), mas esta presença é perturbadora. É uma dor lasciva que percorre as costas, o peito, parte posterior das pernas. E devido a não dormir bem, doi a cabeça também. É super incomodo sentir dor constantemente, mesmo que não seja uma dor nível 10 (como os médicos rotulam uma dor insuportável), até mesmo poque insuportável é relativo de pessoa a pessoa. Para que se tenha uma idéia, ao pulsionarem minhas veias, o máximo que elas podem durar são dois dias, depois disso, certamente vai infiltrar na pele, só que as enfermeiras nunca acreditam em mim (pois toda vez que elas apertam, por mais que seja dolorido o toque, e digo dolorido do tipo de você retrair a parte tocada, eu NUNCA digo que dói, pois acho que dá para levar numa boa esta dor em vista das que eu sinto, mas não que não me doa muito, apenas suporto bem) e me falam assim: olha se a dor estiver insuportável você avisa tá, ao que eu pergunto como eu vou saber se é insuportável... ahhh, todas respondem, se for você dirá, resultado, eu NUNCA digo... a mão incha e ás vezes fica roxa (como desta vez), mal consigo mexer a mão, tocar nela após retirar a agulha, é algo que evito muuuito até que melhore. Desta vez então, estou fazendo compressas. Mas em nenhum momento, por mais doloroso que seja o toque eu vou dizer olha, a dor esta insuportável. Acho que se elas olhassem a minha expressão facial a cada toque, acreditariam sem eu ter que dizer, estou com dor nível 10. Até mesmo quando estou com uma baita crise, como quando chego numa internação com os olhos em lágrimas, e o médico faz a clássica pergunta : de 1 a 10 quanto esta a sua dor? Eu sempre respondo da mesma forma: como eu vou saber?... Tá doendo muito não serve como referencia?... Estou com dor, ponto.
Bem, tentarei focar neste assunto outro dia, em outro momento. Deixa eu me cuidar!

Um comentário:

  1. Amiga ,boa tarde!
    Senti muito sua falta e fiquei feliz quando vi sinal de vida através das suas palavras!
    Quero comentar tudo que li,mas confesso que não consigo no momento, estou emocionada,sentida!
    Voltarei e falarei sobre o que li tenha certeza!
    Um beijo no coração
    Alene.

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